A humanidade voltará a pisar na Lua em 2024, através da Missão Artemis, da NASA, e dessa vez é para estabelecer presença constante no satélite natural da Terra. O prazo é curto e a agência espacial já divulgou uma estimativa de quanto isso vai custar - algo entre US$ 20 bi e US$ 30 bilhões. Porém, há um grande empecilho que pode atrapalhar os planos: ninguém tem ainda um traje espacial adequado para proteger os astronautas e, ao mesmo tempo, garantir mobilidade boa o suficiente para realizar as tarefas em um terreno com um sexto da gravidade terrestre.
O desafio não é simplório. Um traje espacial é praticamente uma mini-nave, só que flexível e com o formato de um corpo humano. Além de proteção e mobilidade, ele precisa garantir o suprimento de oxigênio, controlar a temperatura, fornecer meio de comunicação e ser resistente a todo tipo de contaminação e intempéries. Por exemplo, a poeira lunar é muito abrasiva e danificou muito os trajes do Projeto Apollo. Se quisermos permanecer mais tempo na Lua e realizar mais tarefas, será preciso algo muito mais resistente e adaptável.
Felizmente, uma empresa com décadas de experiência em criar trajes espaciais para a NASA parece ter uma solução em estágio bastante avançado de desenvolvimento. Melhor ainda, pode fornecê-la dentro do curto prazo da agência espacial. Estamos falando da Collins Aerospace, que revelou na semana passada um protótipo do sistema Next Generation Space Suit - o traje que pode ser usado para excursões do programa Artemis.
A apresentação do modelo foi realizada na quinta-feira (25), e impressiona bastante pela sua versatilidade e flexibilidade. Ele também demonstrou muita facilidade em andar ao redor do saguão do Rayburn House Office Building, em Washington, DC, além de subir e descer alguns degraus. Isso significa que o traje não é tão pesado - tem metade do peso daqueles usados na missão Apollo - e pode ajudar os astronautas a se locomoverem na Lua muito melhor que antes. Outra grande vantagem é que ele pode se adaptar uma ampla gama de tipos de corpos humanos, desde astronautas mais baixos até pessoas com mais de um metro e oitenta de altura.
Além disso, a Collins Aerospace afirma que o Next Generation Space Suit pode ser modificado para cada local no espaço. “Você pode trocar componentes no traje, como braços e pernas, para torná-lo mais móvel. E isso depende do destino”, disse Allen Flynt, vice-presidente e gerente geral de sistemas espaciais da empresa. Ou seja, é uma roupa modular, e você pode trocar partes dela se estiver, digamos, na Estação Espacial Internacional (ISS), onde as condições são bem diferentes da superfície lunar.
O sistema supostamente tem toda a mobilidade necessária para o ambiente da Lua, em uma estrutura relativamente leve. A caixa de controle no peito, que contém os componentes eletrônicos do traje, é muito menor do que nos modelos anteriores.
Outra grande vantagem deste traje é que os seus usuários terão capacidade de girar no quadril, algo que os astronautas da Apollo não tinham. Essa limitação tornava difícil a tarefa de se levantarem quando caíam. "Você veria as tripulações [da Apollo] pulando e saltando na superfície da Lua, o que acarreta um risco significativo", disse Dan Burbank, pesquisador sênior da Collins Aerospace e astronauta aposentado da NASA. Por isso, uma melhor acomodação que permita um caminhar natural é uma questão “crítica", completa ele.
O custo do Next Generation Space Suit da Collins não foi divulgado, embora Flynt diga apenas que é um "preço muito competitivo". Até porque as coisas ainda não estão prontas. Por enquanto, a empresa está focada em demonstrar a tecnologia e precisará ainda de um desenvolvimento adicional para refinar algumas coisas, como o sistema de suporte de vida portátil, de acordo com Burbank. O plano é construir um sistema totalmente funcional nos próximos 12 a 18 meses.
Fonte: The Verge
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