Tem coisas que se parece
saber o que é, mas necessitando falar sobre para os outros percebe-se
que não se sabe de fato, ou pelo menos não se internalizou ainda o
conceito dessa coisa que se quer descrever. Em relação à bioenergia,
energia humana, não é diferente, nesse sentido, expor o conceito pode
ser o melhor a ser feito.
Rego (1989: 2) relata que o conceito de
bioenergia teve origem na teoria psicanalítica. Freud, em seus
primeiros escritos aborda o fato de que algo se distinguia nas funções
mentais, uma carga de afeto ou soma de excitação englobando todas as
características de uma quantidade (ainda que não tivesse como medi-la),
passível de aumento, diminuição, deslocamento e descarga. Algo que se
espalha sobre os traços mnêmicos das representações como uma carga
elétrica dispersa pela superfície de um corpo. Posteriormente, ao
escrever “A Interpretação dos Sonhos”, ele refere-se a uma catexia
hipotética de energia psíquica. Freud seria seguido de perto por vários
outros autores na abordagem da questão da bioenergia, muitos depois dele
passam a estudar a energia e também colaboram com suas descobertas
sobre o assunto.
O tema energia deve ser do interesse dos
estudantes da medicina, psiquiatria e psicologia como sugere Carl Jung,
não sendo estranho, portanto, que vários autores investiguem os diversos
conceitos sobre bioenergia, desde aqueles trazidos pelas religiões,
milenares como hinduísmo (hatha yoga), taoísmo (tai chi chuan) e budismo
(kum-nye) aos das psicoterapias alternativas promovidas por Reich
(Orgônio), Lowen (bioenergética), o vitalismo da ciência, dentre outros.
Rego, depois de analisá-los conclui que:
“O conceito de
bioenergia não é específico das psicoterapias reichianas (principal foco
de seus estudos), mas tem conexões com muitas outras técnicas curativas
atuais, e também com as medicinas tradicionais de vários povos e
épocas. Neste sentido, acredito que a elucidação do enigma das
bioenergias passa pelo intercâmbio e pelo diálogo entre as psicoterapias
reichianas e as demais abordagens “energéticas” do ser humano e da
vida.
O fundamental nessa questão é que somos “curadores”. E como
tal, temos não só o direito, mas principalmente o dever de buscar
conhecer tudo que possa nos auxiliar nessa difícil tarefa. Encontramos
coisas válidas na ciência, na arte, na religião, na filosofia, na
política, no esporte e isso sem esgotar as possibilidades da experiência
humana.” (REGO, 1989, p. 15)
A bioenergia, energia cósmica,
força vital, éter do espaço, dentre outras denominações, refere-se ao
que simplificando podemos chamar de “a energia”. Antes porém de assim
concluir, Gordon (1978) chama-a de força vital, um campo de energia
circulando e penetrando o corpo. A corrente que anima a vida e é
direcionada naturalmente pela inteligência do corpo, uma realidade
fisiológica no corpo. Diferentemente rotulada através dos séculos,
Cristo chamou-a de “luz”; os russos, em suas pesquisas psíquicas,
denominaram de energia “bioplâsmica”; Wilhelm Reich, de” energia
orgone”; os iogues da Índia Oriental, de “pran” ou “prana”; manuscritos
alquimistas falam de “fluido vital”; Bruner chamou-a de energia
“biocósmica”; Hipócrates, de (vis medicatrix naturae) “força vital da
natureza”, dentre muitas outras denominações.
Gordon, preferiu
utilizar apenas o termo “energia”. E dizer que ela flui através do corpo
como por meio de um sistema circulatório invisível, carregando toda
célula no seu percurso. E que tal corrente de energia pode tornar-se
enfraquecida e parcialmente bloqueada devido ao cansaço. Situa que
energia é energia. Não existe energia má, e sim, bem ou mal dirigida. A
polaridade é a responsável por direcionar a força vital ao longo do
trajeto natural para diluir os “nós” de energia produzidos pelos
excessos físicos e emocionais. a polaridade constitui um relaxamento
curador em todos os níveis. A ciência da Acupuntura, por exemplo,
trabalha com a localização desses pontos e a estimulação deles através
de agulhas de forma a restaurar a corrente de energia.
O Dr.
Randolph Stone (1890), citado por Gordon (1978:26), integrou o
conhecimento adquirido sobre polaridade em uma Terapia de Polaridade e
trabalhou nessa direção por 60 anos. O equilíbrio de energia com
polaridade recarrega de força vital uma pessoa. Isso equilibra os campos
de aura sutis eletromagnéticos à volta do corpo resultando em
relaxamento e equilíbrio, a pessoa sente-se melhor. “A força vital irá
somente onde ela é necessária para causar transformações necessárias.”
Um ponto destacado é o de que a força vital não faz diferenciação entre
dor física e dor emocional. Ambas são simplesmente expressões de energia
bloqueada.
Nesse sentido, considera-se oportuna uma fala do
autor de que “não é preciso que você acredite que este sistema vá
funcionar, a fim de experimentá-lo profundamente. Você não precisa
acreditar no oceano para ficar molhado, no entanto, você precisa pular
nele.” Estudar o assunto, buscar o conhecimento antes de simplesmente
refutar, convém a todos nós, de forma que abordar o tema energia humana
cumpre aqui o papel desse “pulo no oceano” proposto por Gordon. Dele o
convite à reflexão e abertura de mente:
“Um filme exposto,
revelado e fixado não mais será sensível à luz. Então, deixe de lado
conceitos expostos, revelados e fixos, e receba esta dádiva. No momento,
esvazie sua taça a fim de que ela possa ser preenchida.” (GORDON,
1978:18)
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